segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eduardo ²

Estava no Florença, bêbada, e ele apareceu. Não falou comigo de cara, só depois de algum tempo. Ele me puxou pra um canto pra conversar, não trocamos nem duas palavras e eu o agarrei. Bom, nesse dia eu agarrei o mundo inteiro .. de qualquer forma , voltamos a ficar depois desse dia.
Mais algumas semanas depois e surge a Lapa. Nos encontramos lá, ele havia me falado muitas coisas que eu queria ouvir. Um tempo depois eu o vejo beijando outra. Fiquei exorbitantemente puta. Tive vontade de chorar e não chorei. Choraria pelo que? Sabia como ele era, tava ali porque queria ou por algo que eu não sabia explicar.
Não nos falamos durante um tempo. Até que eu fiquei no cio. Queria transar de qualquer jeito. Cristiano namorando, Lucas eu não tinha mais contato e o Eduardo estava sempre disponível. Desisti da idéia de ficar brava e quis saciar minha fome, assim foi feito. Transamos e continuamos transando por um bom tempo.
Um belo dia fomos à quinta da boa vista, ele estava fumando maconha (como ele sempre fazia) e conheceu uma amiga minha. Na sexta feira seguinte, fomos para lá novamente. E nesse dia ele ficou com ela na minha frente. Não me deu vontade de chorar , nem de bater em ninguém. Estranhamente fiquei calma.
Sai de perto e fui conversar com os guardas municipais, ficamos batendo muito papo, até que eles tiveram que patrulhar. Eu voltei e pedi para algum daqueles viados me beijar na frente do Edu. E assim foi, só que no meio do beijo , eu já não pensava mais no Edu. Eu queria era beijar aquela boca que estava ali.
Fomos embora juntos: o menino, Edu e eu. Quando o garoto foi embora, nós ficamos conversando. Ele ainda tentou me beijar e eu neguei. Mas isso não durou muito, uns dias depois eu estava com ele de novo.
Por um período de 2 meses , nós ficamos estáveis. Um relacionamento legal, com alguma confiança, sem cobranças. Até que ele terminou tudo para ficar com outra menina. Isso calhou com o acidente da Yasmin. Tudo na mesma época. Eu nem dei atenção para ele, aquilo nada significou. A minha cabeça era o bem estar da Yasmin.
Os meses se passaram, nós nos falávamos pouco. Por algum motivo, pelo qual eu não lembro,nos vimos. Passeamos e acabamos ficando novamente. Isso durou até o meu aniversário. Depois disso, voltei a vê-lo pouco.
Voltamos a ficar por algum fato que eu não lembro. Mas ele já estava diferente. A depressão começava a tomar conta dele.
Nos víamos com uma freqüência e eu me interessava por aquele Eduardo que não falava só de vídeo game e maconha. Que sabia conversar, que pensava antes de falar. Eu vi um lado dele que eu não imaginava ver. O lado sensível, o lado carinhoso. Com o passar do tempo já não lembrava mais como era antes, mas ele lembrava. E ele estranhou.
Nossa relação não era de amor, de muito carinho. Era sexo, brincadeiras e se transformou em preocupações, se transformou em algo sério. Eu me sentia algo pra ele e sabia que me tornaria mais. Essa sensação era boa pra mim, mas pra ele era pesado demais. Era mais uma responsabilidade que ele não estava preparado. Era mais uma experiência ruim que ele ia ter, porque ele sempre estraga tudo. Eu sabia disso, mas eu queria.
Namoramos, um namoro que não era legal nem pra mim e nem pra ele. Mas era uma meta que eu queria cumprir. Mas ele interrompeu isso. Nos dois primeiros dias eu não entendi, mas depois eu vi que realmente não daria certo. Eu não o amava e nem ele a mim. Não havia sentido estarmos juntos.
Desde então não o vi mais, não sei como ele esta, até gostaria de saber. Queria manter amizade com esse cara que foi tão importante para o meu amadurecimento, pra minha história. Mas essa decisão não me pertence.
Há momentos que temos que deixar as pessoas irem. E ele vai embora, aliás , ele nunca esteve. Mas essa história de idas e vindas que nós tivemos me fez bem. É bom pensar que mesmo com todas as aparências erradas, uma pessoa tem algo a oferecer.
Eduardo é um dos homens que até hoje mexeram comigo. Foram três, ele é esse terceiro. Talvez seja o único que eu não manterei contato, talvez. Mas vai ser uma lembrança boa. Vai ser o reflexo da minha inconseqüência adolescente quando eu for mais velha. Lembrarei das nossas transas na rua, na cama dos pais deles, das algemas, das brigas, dos beijos, do abraço solitário dele e daqueles olhos lindos chorando. Aquele choro que me deixou desconcertada e que me cortou em cem pedaços.


Um comentário:

  1. "Aquele choro que me deixou desconcertada e que me cortou em cem pedaços" Desculpe, may, mas v me matou de orgulho com essa frase. Terminou o texto de forma linda, apesar de eu saber o qnto td isso mexeu com vc, não dá pra não admirar a poesia nas suas frases...

    Engraçado, agora que li o texto que eu percebi que estava com você no começo e no fim. Foi comigo que você foi pra lapa, depois, pra não pensar no que magoava. Era eu cantando músicas tentando te alegrar, enquanto você queria me bater...

    "/

    "Namoramos, um namoro que não era legal nem pra mim e nem pra ele".

    Não consigo ter raiva do Eduardo porque eu sei como é estar no lugar dele e, por mais escroto que pareça, dói. e dói muito não poder ser o que já soubemos, um dia.

    ResponderExcluir