segunda-feira, 17 de maio de 2010

O tempo existe

Bons tempos... Quem nunca se pegou em momentos nostálgicos, em que escutamos aquela música que lembra a uma parteda nossa vida, e então passam aqueles tapes de momentos felizes, sorrisos, momentos em que nos permitíamos muito mais...

Os caminhos que percorremos em nossa vida, às vezes, nos levam a lugares áridos, sinuosos, em que chegamos a não nos reconhecermos. Aprendemos coisas maravilhosas, crescemos com os obstáculos que encontramos durante o percurso.

Curioso é lembrar daquelas situações em que nos víamos desesperados, ou então assustados, com medo. Eram situações pertinentes àquela etapa de nossas vidas, que talvez hoje já não nos remetam a tais sentimentos que à época se mostravam tão acachapantes, mas hoje, são o substrato de nossa sobrevivência social, se considerado que são eles, aqueles sentimentos diante de situações variadas que passávamos, que são, em boa parte, o que somos hoje, e pelos quais não choramos, gritamos, trememos, e até mesmo amamos mais.

Será que usamos conscientemente, de forma correta, toda essa historicidade de que todos nós somos dotados? Será que realmente é certo saudar o passado com essa tendência a superestimar? Será que quando lembramos de nosso passado glorioso não o fazemos somente em relação a acontecimentos inconscientemente selecionados por algum motivo aparentemente insólito? Sinceramente, só sei ao certo que lembrar esse passado, me faz sentir altivo. Mas é claro que tendemos a nos ver como mais fortes, mais experientes, pessoas que superamos limitações. É então que me faço a seguinte pergunta: será que realmente sou tão altivo quando me deparo com as situações difíceis do presente? Não é sentir-se forte com relação ao que vivíamos no passado que faz de nós pessoas melhores. Não é colecionar momentos, fatos de vida, que nos faz pessoas mais geniais. O que nos torna melhores seres humanos, pessoas verdadeiramente experientes, não é o que vivemos, e como hoje nos sentimos quanto a esses acontecimentos do passado, mas sim o que aprendemos com eles e como utilizamos isso em nossa vida. Então seria certo pensar que experiência não é colecionar vivências, mas sim estar mais preparados para o que hoje a vida nos reserva. Sermos experientes quanto ao hoje, e não quanto ao que passou. No fim das contas, ainda somos caudatários de nossa insuficiência perante as adversidades hodiernas a nós.

Seja qual for a sensação ao olhar para o passado, como enxergamos nossas tão gloriosas vivências, o que importa não é somente o que fomos, ou o que somos, pois esses extremos só fazem nos aprisionar em nossos antigos fantasmas e na necessidade de encontrar antigas vitórias. O que realmente deveríamos fazer é encontrar o melhor do que fomos e o melhor do que somos, pois essa simbiose é que nos torna preparados pra viver o presente, nos superando, sem esquecer nossas verdadeiras raízes.


“É a auto-reflexão, a relação passado-presente, que nos faz crescer como seres sociais”

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